Clarividência - Charles Leadbater.pdf

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CLARIVIDÊNCIA
Charles Webster Leadbeater
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CONTEÚDO
Capítulo
1
2
3
4
5
6
7
8
9
O QUE É CLARIVIDÊNCIA
CLARIVIDÊNCIA SIMPLES: INTEGRAL
CLARIVIDÊNCIA SIMPLES: PARCIAL
CLARIVIDÊNCIA ESPACIAL: VOLUNTÁRIA
CLARIVIDÊNCIA ESPACIAL: SEMI-VOLUNTÁRIA
CLARIVIDÊNCIA ESPACIAL: INVOLUNTÁRIA
CLARIVIDÊNCIA TEMPORAL: O PASSADO
CLARIVIDÊNCIA TEMPORAL: O FUTURO
MÉTODOS DE DESENVOLVIMENTO
CAPÍTULO 1
O QUE É CLARIVIDÊNCIA
Clarividência não significa nada mais do que "visão clara", e é uma palavra que
tem sido muito mal-usada, e mesmo degradada por ser empregada para
descrever a impostura dos charlatães dos shows de variedades. Mesmo em seu
sentido mais restrito ela abarca um largo espectro de fenômenos, diferindo tão
grandemente em caráter que não é fácil dar uma definição da palavra que ao
mesmo tempo seja sucinta e precisa. Tem sido chamada de "visão espiritual", mas
nenhuma interpretação poderia ser mais enganosa que esta, pois na vasta maioria
dos casos não há nenhuma faculdade associada que mereça a honra de uma
denominação tão elevada.
Para o propósito deste tratado podemos, talvez, definí-la como o poder de ver o
que está oculto à visão física ordinária. Definiremos igualmente que muitíssimas
vezes (mas nem sempre) é acompanhada do que é chamado clariaudiência, ou o
poder de ouvir o que seria inaudível ao ouvido físico comum; e por enquanto
tomaremos nosso título como cobrindo igualmente esta faculdade, a fim de evitar
o incômodo do perpétuo uso de duas longas palavras onde basta uma.
Deixe-me esclarecer dois pontos antes de iniciar. Primeiro, não estou escrevendo
para aqueles que não acreditam que haja uma coisa como a clarividência, nem
estou procurando convencer os que têm dúvidas sobre a matéria. Em trabalho tão
acanhado como este não disponho de espaço para isso; tais pessoas devem
estudar os muitos livros contendo relações de casos, ou fazer experimentos por si
mesmas ao longo das linhas do mesmerismo. Dirijo-me às classes mais instruídas
que sabem que a clarividência existe, e estão suficientemente interessadas no
assunto para alegrarem-se com a informação sobre seus métodos e
possibilidades; e garanto a elas que o que escrevo é resultado de estudo e
experimentação muito cuidadosos, e que mesmo que alguns destes poderes que
descreverei possam lhes parecer novos e maravilhosos, não menciono um sequer
de que eu mesmo não haja visto exemplos.
Segundo, ainda que eu deva tentar evitar até onde possível especificidades
técnicas, mas esteja escrevendo principalmente para estudantes de Teosofia, por
vezes me colocarei à vontade para usar, por amor à brevidade e sem explicação
detalhada, a usual terminologia Teosófica que posso seguramente presumir que
lhes é familiar.
Caia este documento em mãos de qualquer um a quem o uso ocasional destes
termos constitua uma dificuldade, só posso desculpar-me com ele e remetê-lo,
para explanações preliminares, a qualquer trabalho Teosófico básico, como
Ancient Wisdom (A Sabedoria Antiga),
ou
Man and his Bodies (O Homem e seus
Corpos),
da Srª. Besant. A verdade é que todo o sistema Teosófico está tão
unificado, e suas partes são tão interdependentes, que dar uma explanação
completa de cada termo usado necessitaria de um exaustivo tratado Teosófico à
guisa de prefácio, mesmo para este breve relato sobre a clarividência.
Antes que uma explanação detalhada da clarividência possa ser utilmente tentada,
entretanto, será necessário devotarmo-nos brevemente a algumas considerações
preliminares, a fim de que possamos ter claramente na mente alguns poucos fatos
genéricos como os diferentes planos onde a visão clarividente pode ser
exercitada, e as condições que tornam possível seu exercício.
É-nos constantemente assegurado na literatura Teosófica que todas essas
faculdades superiores logo devem tornar-se a herança da humanidade em geral –
que a capacidade para a clarividência, por exemplo, existe latente em todos nós, e
aqueles em quem já se manifesta, neste particular simplesmente já estão um
pouquinho mais avançados que o restante de nós. Agora, esta declaração é
verdadeira, mesmo que pareça muito vaga e irreal para a maioria das pessoas,
simplesmente porque consideram tal faculdade como algo absolutamente
diferente de tudo que já experimentaram, e sentem-se bastante seguras de que
elas próprias, de qualquer modo, não estão nem um pouco perto de desenvolvê-
las.
Pode ajudar a dissipar este sentimento de irrealidade se tentarmos entender que a
clarividência, como tantas outras coisas na Natureza, é principalmente uma
questão de vibrações, e de fato não é nada além de uma extensão dos poderes
que todos nós já usamos em todos os dias de nossas vidas. Vivemos todo o
tempo rodeados de um vasto oceano de ar e éter misturados, este interpenetrando
aquele, como o faz a toda matéria física; e é principalmente por meio das
vibrações neste vasto mar de matéria que nos chegam impressões de fora. Isso
tudo já sabemos, mas talvez jamais tenha ocorrido à maioria de nós que o número
das vibrações a que somos capazes de responder é realmente quase
insignificante.
Dentre as vibrações extremamente rápidas que afetam o éter há uma pequena
faixa – uma faixa muitíssimo estreita – à qual a retina do olho humano é capaz de
responder, e estas vibrações peculiares produzem em nós a sensação que
chamamos de luz. Isto é, somos capazes de ver somente aqueles objetos dos
quais luz daquele determinado tipo pode ser emitida ou refletida.
Exatamente do mesmo modo o tímpano do ouvido humano é capaz de responder
a uma certa faixa muito estreita de vibrações comparativamente lentas – lentas o
bastante para afetar o ar que nos cerca, e assim os únicos sons que podemos
ouvir são aqueles produzidos por objetos que podem vibrar em alguma das
freqüências dentro desta faixa especial.
Em ambos os casos é uma matéria perfeitamente bem conhecida pela ciência que
há uma grande número de vibrações tanto acima quanto abaixo daquelas duas
faixas, e que conseqüentemente há muita luz que não podemos ver, e há muitos
sons a que nossos ouvidos são surdos. No caso da luz a ação destas vibrações
mais altas e mais baixas é facilmente perceptível nos efeitos produzidos pelos
raios actínicos
[a
luz ultravioleta. O chamado actinismo é o efeito químico
produzido por esta freqüência de vibração luminosa sobre determinados
compostos químicos - NT] numa das extremidades do espectro, e pelos raios de
calor
[a
vibração, ou luz, infravermelha – NT] na outra extremidade.
É pacífico que existem vibrações de todos os graus concebíveis de rapidez,
preenchendo todo o vasto intervalo entre as lentas ondas sonoras e as
rapidíssimas ondas de luz; tampouco isso é tudo, pois existem indubitavelmente
vibrações mais lentas que as do som, e toda uma infinidade delas são mais
rápidas que as que conhecemos como luz. De modo que assim começamos a
entender que as vibrações pelas quais vemos e ouvimos são apenas como dois
pequeninos grupos de poucas cordas selecionadas de uma enorme harpa, de
extensão praticamente infinita, e quando pensamos no quanto temos sido capazes
de aprender e inferir pelo uso só destas diminutas porções, veríamos vagamente
quais possibilidades poderiam estar à nossa frente se fôssemos habilitados a
utilizar o vasto e maravilhoso todo.
Um outro fato que merece ser considerado nesta linha é que os diferentes seres
humanos variam consideravelmente, ainda que relativamente dentro de estreitos
limites, em suas capacidades de responder mesmo às pouquíssimas vibrações
que estão dentro do alcance de nossos sentidos físicos. Não me refiro à acuidade
visual ou auditiva que possibilita a um homem ver objetos menores ou ouvir sons
mais tênues que um outro; não é afinal uma questão de força visual, mas de uma
extensão na amplitude da sensibilidade.
Por exemplo, se alguém tomar um bom prisma de bissulfito de carbono, e por seu
intermédio fizer projetar um espectro luminoso nítido sobre uma folha de papel
branco, e então solicitar a diversas de pessoas para que assinalem no papel os
limites extremos do espectro assim como lhe aparecem, quase certamente
descobriria que seus poderes de visão diferem apreciavelmente. Alguns veriam o
violeta se estendendo muito mais longe que a maioria; outros talvez vissem muito
menos violeta que os demais, mas possuíssem uma correspondente extensão
visual no lado do vermelho. Alguns poucos, talvez, pudessem ver mais longe que
o normal em ambas as extremidades, e estes quase certamente seriam o que
chamamos de pessoas sensitivas – sensíveis de fato a uma amplitude maior de
vibrações do que o são a maioria dos homens de hoje.
Na audição a mesma diferença pode ser testada tomando-se um som apenas alto
o suficiente para ser quase audível – nas margens da audibilidade – e descobrindo
quantas pessoas dentre um certo grupo seriam capazes de ouví-lo. Os guinchos
do morcego são um exemplo familiar de tal som, e a experiência mostrará que
num anoitecer de verão, quando todo o ar está repleto dos gritos agudos e
penetrantes destes animaizinhos, a grande maioria dos homens estará
absolutamente inconsciente deles, e incapaz de ouvir qualquer coisa.
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