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RESUMO
Zoneamento Edafo-climático
para plantio de espécies
florestais de rápido
crescimento na Amazônia
O desmatamento intensivo e indiscriminado das florestas tropicais, além
de diminuir o estoque madeireiro, tem causado perdas irreversíveis da
biodiversidade. Desse desmatamento, cerca de 17,5 milhões de hectares foram
transformados em pastagens e, segundo estimativas existentes, acredita-se que
metade dessas áreas encontra-se degradada ou em estado de degradação.
O conhecimento dos aspectos de manejo, silvicultura e ecofisiologia das
espécies autóctones a serem indicadas para projetos de reposição florestal, bem
como material reprodutivo em qualidade e quantidades necessárias, constitui-
se em fator limitante. Não obstante, o plantio de espécies florestais constitui-se
em uma das alternativas mais eficientes para a recuperação de áreas degradadas
em regiões tropicais de alta precipitação, como é o caso da Região Amazônica,
em função de seu papel no controle da erosão, na conservação da umidade do
solo e na criação de um microclima mais favorável para o desenvolvimento de
outras culturas. O componente florestal devidamente selecionado pode
contribuir, de maneira significativa, para o aumento da produtividade e
viabilização de sistemas de produção na região.
A metodologia deste projeto prevê o estabelecimento de uma rede
experimental nas diversas unidades da EMBRAPA, institutos de pesquisas e em
empresas privadas da região. A predição do comportamento das espécies às
diferentes condições ambientais será baseada no
software PLANTGRO,
desenvolvido no CSIRO-Australia, mediante a criação de três arquivos básicos:
solo, clima e relação planta-solo-clima para cada espécie.
O projeto tem objetivos de selecionar espécies florestais para plantios na
região amazônica; implantar unidades de validação em diferentes regiões
ecológicas; e identificar áreas para coleta de sementes.
Os resultados deste projeto possibilitaram conhecer o desempenho inicial
de espécies florestais em ambiente contrastantes, indicando preliminarmente as
espécies
Acacia mangium, Sclerolobium paniculatum, Schizolobium paniculatum
e
Eucaliptus urograndis,
como espécies potenciais para plantios de florestamento
ou reflorestamento na região. A Identificação das áreas para coleta de sementes
das espécies nativas contribuirá para amenizar o problema da indisponibilidade
de sementes florestais, e o desenvolvimento de tecnologias florestais de baixo
Zoneamento Edafo-climático para plantio de espécies
florestais de rápido crescimento na Amazônia
custo permitiu incorporar ao processo produtivo as áreas degradadas e/ou
abandonadas na região. Em longo prazo o resultado deste projeto poderá
viabilizar o aumento da produção de madeira de espécies nativas de florestas
plantadas, reduzindo a pressão de exploração sobre as florestas nativas e
conseqüentemente favorecendo a preservação da biodiversidade.
PROBLEMA E SUA IMPORTÂNCIA
O desmatamento intensivo e indiscriminado das florestas tropicais, além
de diminuir o estoque madeireiro, tem causado perdas irreversíveis da
biodiversidade. Estima-se que 41,5 milhões de hectares da Floresta Amazônica
já foram desmatados (FEARNSIDE, 1992), desse desmatamento, cerca de 17,5
milhões de hectares foram transformados em pastagens na Amazônia, e, segundo
estimativas existentes, acredita-se que quase a metade dessas áreas encontra-se
degradada ou em estado de degradação (SERRÃO, 1990), necessitando, portanto,
serem recuperadas e reconduzidas ao processo produtivo.
A região enfrenta um triplo desafio: o primeiro é impedir que mais de
90% da floresta ainda intacta, sofram o mesmo processo de devastação, como
maneira de ganhar tempo ante a inexistência de alternativas concretas de
desenvolvimento sustentável; em segundo lugar, é importante administrar a
extensa área de fronteira agrícola, basicamente de agropecuária e de garimpagem,
sob pressão de contingentes humanos que chegam continuamente, conciliando
o desenvolvimento econômico com a pressão ambiental; e, em terceiro lugar, é
extremamente importante restaurar o potencial biológico e produtivo das imensas
áreas alteradas, passiveis de serem objeto de assentamento em projetos de
colonização, que reduziriam as taxas de desmatamentos e migração dos sem-
terras para a Amazônia.
Na região amazônica existem poucas plantações florestais, devido
principalmente, à carência de conhecimentos científicos sobre o comportamento
das espécies nativas e exóticas na região, além da pouca disponibilidade de
sementes de boa qualidade. O conhecimento sobre os aspectos de manejo,
silvicultura e ecofisiologia das espécies autóctones a serem indicadas para
projetos de reposição florestal, bem como material reprodutivo em qualidade e
quantidades necessárias, constitui-se em fator limitante.
Sob outro aspecto, analisando a tendência mundial do comércio de
madeira, observa-se que aquelas provenientes de floresta nativa estão sendo
gradativamente substituídas pela de reflorestamento com maior eficiência. Os
reflorestamentos brasileiros apesar de ocuparem somente 1,2% do território
nacional respondem por 60,0% do total de madeira industrial consumida no
Brasil (FAO,1999). A superfície atual de florestas plantadas poderá ser duplicada
considerando somente a utilização de áreas em processo de degradação ou
abandonadas na região amazônica, aumentando desta forma, a oferta de
madeira.
Com a crescente escassez de madeira proveniente do extrativismo,
principalmente das espécies mais utilizadas como a sumaúma (Ceiba
pentandra),
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Zoneamento Edafo-climático para plantio de espécies
florestais de rápido crescimento na Amazônia
virola (Virola
surinamensis)
e mogno (Swietenia
macrophylla)
e com a publicação
da portaria do IBAMA n
o
114/95, que disciplina sobre a reposição florestal
obrigatória, vem crescendo o interesse e a demanda sobre recomendação de
espécies florestais, preferencialmente as nativas, adequadas para plantios em
áreas alteradas. Em função disto, plantios em pequena escala estão sendo
realizados principalmente nos estados do Amazonas, Pará e Rondônia,
utilizando-se principalmente os gêneros
Pinus e Eucalyptus
para produção de
fibras e as espécies Teca (Tectona
grandis),
Paricá (Schizolobium
amazonicum)
e em
menor escala sumauma (Ceiba
pentandra)
e castanha-do-brasil (Bertholletia
excelsa).
A maioria destas plantações com espécies nativas carecem de uma boa
silvicultura em todas as etapas, desde o viveiro até o aproveitamento, e da
utilização de recursos genéticos bem adaptados.para cada sítio.
A recomendação da espécie mais adequada ao plantio depende,
fundamentalmente, do uso final do produto que se pretende obter e das condições
edafo-climáticas do local de plantio. Existem informações disponíveis sobre a
qualidade da madeira de espécies provenientes da mata nativa, que permitem
recomendar grupos de espécies potenciais a serem plantadas. A maior limitação
está relacionada com a escolha das espécies mais adequadas para as diferentes
condições ecológicas da região, pois a qualidade dessa recomendação depende
de resultados experimentais em condições ambientais similares, além disso,
estudos posteriores são necessários para investigar se a qualidade da madeira
destas espécies provenientes de plantações serão similares àquelas da mata
nativa.
Não obstante, o plantio de espécies florestais constitui-se em uma das
alternativas mais eficientes para a recuperação de áreas degradadas em regiões
tropicais de alta precipitação, como é o caso da região Amazônica, em função de
seu papel no controle da erosão, na conservação da umidade do solo e na criação
de um microclima mais favorável para o desenvolvimento de outras culturas.
Desse modo, o avanço do conhecimento sobre a adaptabilidade das espécies
mais utilizadas pelo setor madeireiro e daquelas que possam vir a ser utilizadas
em um futuro próximo, nos diversos ecossistemas da Amazônia, é uma ferramenta
de importância fundamental para seleção das espécies em sítios adequados.
OBJETIVOS
Este projeto tem por objetivos selecionar espécies florestais para plantios
na região amazônica; implantar unidades de validação em diferentes regiões
ecológicas; e identificar áreas para coleta de sementes.
METODOLOGIA
Para o desenvolvimento das ações no âmbito deste projeto, utilizou-se
metodologia em rede experimental pelas várias Unidades Executoras, conforme
descrição a seguir.
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Zoneamento Edafo-climático para plantio de espécies
florestais de rápido crescimento na Amazônia
Seleção de espécies
A seleção de espécies foi baseada na experiência dos integrantes da
equipe técnica responsável pela elaboração da proposta, considerando os
seguintes critérios:
a) Taxa de crescimento rápido a médio, com pelo menos 0,60 m/ano de
incremento em altura, em plantios experimentais / comerciais e regeneração
natural.
b) Boa adaptabilidade para crescimento a céu-aberto;
c) Tecnologia disponível para produção de mudas e plantio; e
d) Demanda para produção de madeira para laminação, serraria, óleos
essenciais, celulose e papel e fins energéticos.
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Zoneamento Edafo-climático para plantio de espécies
florestais de rápido crescimento na Amazônia
Estabelecimento de Unidades de
Validação nos diferentes Estados
a) Coleta de sementes
A coleta e distribuição de sementes para cada espécie foi da unidade
executora responsável pela coordenação da espécie.
Considerando as possibilidades de transformar os futuros experimentos
de campo (Unidades de Validação) em Áreas de Coleta ou de Produção de
Sementes, cuidados especiais foram tomados na coleta de sementes. Desta forma,
as sementes coletadas para instalação dos experimentos de campo foram colhidas
de pelo menos 20 árvores matrizes (fornecedoras de sementes), de tal forma que
elas possam representar uma procedência (população). As árvores matrizes
foram amostradas ao acaso na população, tomando-se o cuidado de manter
uma distância mínima de pelo menos duas vezes a altura da árvore, para que
não sejam coletadas sementes de árvores aparentadas.
b) Produção de mudas
As mudas de teca e eucalipto foram obtidas de material vegetativo. O
Eucalipto consiste em clones “urograndis”do cruzamento das espécies
Urophylla
e Grandis,
procedentes da COPENER-Bahia. A teca é material oriundo da Carceres
florestal em Mato Grosso. As outras espécies procedentes de reservas florestais
nativas foram produzidas em sementeiras e posteriormente repicadas para sacos
pretos de polietileno, usando substrato constituído por solo orgânico e areia.
d) Preparo da área
As áreas selecionadas para plantio foram àquelas potencialmente
utilizáveis para plantações florestais nas respectivas regiões de implantação do
projeto na Amazônia. De acordo com as características em que se encontravam
estas áreas, foi determinado o tipo de preparo do solo. Em condições normais, a
vegetação existente foi eliminada manualmente, e o solo submetido a uma
gradagem. Sempre que possível se evitou a queima do material remanescente
para evitar concentração de nutrientes compartimentadas.
e) Espaçamento
As espécies destinadas à produção de madeira para serraria foram
plantadas em espaçamentos 3m x 4m, ou seja, 12 m
2
. As espécies para energia e
celulose foram plantadas em espaçamentos de 3m x 2m (6 m
2
).
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