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Jorge Adoum
DO SEXO À DIVINDADE
As Religiões e seus Mistérios
JORGE ADOUM
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Jorge Adoum
SUMÁRIO
I
II
III
IV
V
VI
VII
VIII
IX
X
XI
XII
XIII
XIV
XV
XVI
XVII
XVIII
Introdução
Rumo aos mistérios
A religião fálica
A religião mitraica
A religião de Osíris
A religião dos druidas e seus mistérios
Religiões antigas em moldes modernos
Rasgando véus
A Maçonaria – Religião, Ciência e Filosofia
A religião védica
A religião bramânica
A religião budista
A doutrina bíblica
A religião e o Cristo Místico
O Cristo Místico
O credo
Meu credo
O grande mistério
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INTRODUÇÃO
1 – A palavra “homem” não significa o ser organizado que se encontra na terra.
Homem é todo ser formado de uma parte do Espírito e de uma parte da Matéria de que está
composta a esfera que ele habita e que é capaz de manifestar por atos morais a parte do
Espírito que está nele.
2 – A finalidade do Universo é o progresso. Logo, a finalidade de cada homem, que
é parte do Universo, não pode ser outra senão uma parte do progresso.
3 – Os planetas e as esferas não são, em si mesmos, suscetíveis ao progresso.
Somente é suscetível ao progresso o ser moral formado de uma parte do Espírito e de outra
parte da Matéria de que está formada aquela esfera.
4 – O ser moral metade Espírito e metade Matéria é o Homem.
5 – O Espírito e a Matéria contêm em si mesmos, desde o começo, o germe dos
feitos materiais e morais que foram, são e serão no futuro.
6 – A manifestação ou transformação tira a conseqüência necessária de um princípio
existente em estado latente no fato anterior. Desde a ação do Espírito sobre a Matéria, nada
foi produzido que não fosse em estado latente no princípio.
7 – O homem é a miniatura do Universo, por isso lhe chamam Microcosmos, porque
contêm todas as qualidades que foram dadas a todos os seres nascidos antes dele.
8 – Tudo quanto foi feito antes do aparecimento do homem foi feito para o homem.
Logo, possuindo a quinta-essência de todas as qualidades dadas a todos os seres anteriores
a ele, o homem será o rei da criação – ou um Universo em miniatura. No entanto, se o
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homem não é a última palavra da perfeição no caminho do progresso, é sem dúvida o mais
perfeito no estado atual.
9 – Todos os seres anteriores ao homem lhe serviram de duas maneiras: uns foram
organizados cada vez melhor para lhe darem caída e outros para lhe serem úteis e servi-lo
em suas necessidades.
10 – O homem recorreu aos animais, aos vegetais, aos minerais, aos gases etc. para
ter vida por meio dos alimentos, da roupa, da respiração, do abrigo etc. A terra o carrega, a
água lhe mata a sede, o ar move a sua respiração, o calor o abriga e o Sol lhe conserva a
vida, porque o Sol é a alma da Terra e de todos os planetas. Portanto, o homem não poderia
viver se não tivesse em si tudo isso. Logo, o homem é um resumo de tudo quanto está no
Universo até a sua aparição nele.
11 – Por conseguinte, o homem é o mais poderoso agente do progresso e o único ser
capaz da perfeição moral; porque o progresso moral coroa o progresso material, como o
homem coroa a escala genealógica dos seres organizados.
12 – O Espírito, ao agir sobre a Matéria, é incorporado nela. Antes da organização
do homem, o Espírito existia na Matéria em estado latente. Isso quer dizer que não tinha
poder para a manifestação moral ou livre.
13 – Durante a época cosmogênica, a Matéria impedia a manifestação livre do
Espírito. Isso está representado pela estrela microcósmica invertida, com a ponta para
baixo. Quando chegou a estabelecer-se o equilíbrio entre o Espírito e a Matéria – devido à
transformação contínua – então se manifestou a conseqüência de um progresso material e
vice-versa, isto é, todo progresso material exige progresso moral.
14 – A organização universal é completa: onde existe necessidade encontra-se o que
a ela possa satisfazer. Perto da dor está o remédio; próximo da fome, o alimento; perto da
ferida, o bálsamo. Esta ordem que combina e supre se chama com razão Providência.
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15 – A Providência é a harmonia entre o Espírito e a Matéria.
16 – A Providência interna não nos deixa caminhar às cegas na senda do progresso,
nem tem o poder de nos deter a marcha rumo à perfeição.
17 – A perfeição é indefinida porque o resultado do progresso é infinito e, como tal,
nunca pode ser alcançada. Certamente existe uma perfeição parcial, à qual se pode aspirar:
é a perfeição relativa que consiste em satisfazer a todas as necessidades de uma época com
todos os elementos postos à sua disposição e alcançar o ideal de bem-estar mais
possivelmente desejado.
18 – Para a alma humana, tudo quanto seja razoável é realizável; porque a razão não
pode desejar mais do que seja possível. Nada é impossível se os meios de execução se
encontram preparados para a obra.
19 – A alma concebe o progresso, e o corpo, que é o auxiliar da alma, tem de
caminhar rumo a ele. Logo, para manifestar o progresso desejado pelo espírito, o corpo tem
de empregar todos os meios de que dispõe e fazer trabalhar cada órgão ou a matéria no
sentido do seu destino e da sua orientação. É por esse motivo que chamam
corporações
às
sociedades, porque cada elemento tem de trabalhar numa coisa segundo a sua aplicação e o
seu lugar.
20 – O homem é o único ser, metade Espírito, metade Matéria, que pode e deve
descobrir e fazer conquistas no terreno da ciência, da arte; porém, descobrir não é criar.
21 – A diferença entre o homem e o animal é como a diferença entre o progresso e a
conservação, ou entre a consciência e o instinto.
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